quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MARIANNA

Sou tia da Marianna. Hoje ela está com nove anos e dez meses.
 
         A Marianna nasceu de oito meses, de parto cesárea, tudo muito tranqüilo e, em dois dias, ela já estava em casa com sua mãe. Sempre teve um desenvolvimento normal. Sentou aos seis meses, engatinhou aos nove e andou com um ano e um mês. Falou um pouco mais tarde, com quase três anos. 
Fez as consultas de rotina, tudo sempre normal - sua primeira gripe foi com quase um aninho.
   
  
    Nunca apresentou nada de diferente, apenas um estrabismo, com mais ou menos dois
anos, mas levamos ao oftalmologista, que disse que era normal da idade. O máximo que aconteceria, se não regredisse em um ano, era o uso de um tampão.
         Num domingo, dia 07 de dezembro de 2003, estávamos todos no sítio e a Marianna, brincando, caiu de um banco. Um banco até baixo, mas ela começou a reclamar muito de dor na cabeça e dizia: “-Minha cabecinha 'tá' doendo muito” Isso nos deixou preocupados, pois ela nunca foi uma criança manhosa. Ela caía, levantava e já voltava a brincar. Resolvemos levá-la para o hospital. 
         Saímos, minha mãe, minha irmã (mãe da Marianna) e eu. Durante o caminho, ela começou a apresentar vômitos, o que me preocupou, pois já estava no terceiro ano de enfermagem. Eu sabia que isso não era um bom sinal. Nos dirigimos, então, ao hospital Vila
Mariana em São Paulo, que tinha tomografia e ressonância, caso precisasse. Chegamos ao hospital uma hora depois da queda. Conversei com a médica sobre a queda e os episódios de vômito, e ela, então, resolveu pedir uma tomografia.
       
  Marianna ficou internada para fazer o jejum para a  tomografia. Isso, já era por volta das vinte e três horas, era dezembro de 2003. Ela tinha três anos e oito meses. No dia seguinte, acordei e fui para faculdade. Era minha semana de prova. Acabei a prova e recebi a ligação de minha irmã, dizendo que a médica falou que a Marianna estava com hidrocefalia. Fui correndo para o hospital e, em seguida, minha mãe chegou também, todos já apavorados...
    
     A médica que a atendeu nos falou que o tombo apenas serviu para descobrirmos a má formação que ela já tinha. E que, se não fosse assim, talvez só descobríssemos quando já estivesse apresentando algo mais grave. Marianna nunca teve uma convulsão e estava apenas com dois centímetros de perímetro cefálico acima do esperado para a idade e o pediatra nos tranqüilizou, dizendo que ainda estava dentro da normalidade.
        
Nosso mundo desmoronou mesmo quando aquela criança que, até então, sempre havia tido um desenvolvimento normal, teve o diagnóstico de SÍNDROME DE DANDY- WALKER. O que era isso? O que aconteceria agora? A equipe médica nos explicou que ela precisaria de uma cirurgia para colocação de uma válvula. Entramos em desespero, pois... Uma cirurgia neurológica? Sua cirurgia foi marcada para quinta feira, dia 11 de dezembro!!!
         
 No dia marcado, minha irmã a deixou no centro cirúrgico e saiu de lá arrasada. Enfrentaríamos as piores horas, que pareciam não ter fim. Apenas tínhamos notícias por causa de uma enfermeira que conhecíamos, e que também trabalha com a equipe que estava operando a Marianna. Quase três horas depois, vieram nos comunicar que a cirurgia tinha acabado e que tudo correra muito bem, que ela nem precisaria ir para UTI, já iria direto
para o quarto.
         
 Quando a Marianna veio para o quarto, estava com um curativo na barriga, outro em sua cabeça e apenas tinham raspado um pouquinho do seu cabelo. A partir daí, tudo foi se encaminhando muito bem. Explicaram que a válvula dela era de ultima geração, que a chance de ela entupir era muito pequena, que não precisaria ser trocada, devido ao crescimento da criança. Isso tudo, graças ao Doutor Damasceno, que exigiu esta válvula.
         
Marianna teve alta no dia 14 de dezembro e foi para casa, com os curativos,  mas graças a Deus, do jeitinho que era antes. Como, imagino, todos os familiares de hidrocefálicos, tínhamos muito medo de tudo, principalmente de ela bater a cabeça. Queríamos colocá-la  em uma redoma de vidro... 
          
Marianna entrou para escola no segundo semestre de 2004 e teve um desenvolvimento normal. Sempre acompanhou a classe, tem apenas um pouco de dificuldade com a matemática.
     
  
Tudo estava indo muito bem, de novo, até que, num domingo de maio de 2007, outra vez no sítio, Marianna começou a apresentar febre 38,5 C. Achamos que poderia ser alguma gripe, medicamos e ela foi dormir. No dia seguinte, ela acordou se queixando de muita dor de cabeça, especialmente nos olhos, dor abdominal, e ainda, febre e vômitos. Não conseguia comer nada, tudo vomitava.
        
Levamos para o hospital e a pediatra disse que era uma amigdalite. Perguntei se poderia ser dengue, pois, dez dias antes, esteve na praia e os sintomas poderiam ser da dengue. A médica falou que não, era apenas amigdalite. Foi para casa tomando antibiótico, analgésico e antitérmico, mas as dores continuavam, a febre baixava e subia muito rápido. Ela foi novamente para o hospital. Passamos por outro pediatra, que também falou que era apenas garganta, não tinha nada de dengue. Mesmo assim, pedi para fazer o exame. Falei que ela não estava se alimentando de nada, nem sólido e nem líquido, mas, ainda assim, não deram importância. Isto, já era quarta-feira.
     
    Na quinta pela manhã, ainda apresentava vômito, febre e muita moleza, dor em todo o corpo. Fomos novamente ao hospital, outro médico, mas que também afirmava que era apenas uma gripe com uma virose. A Marianna mal conseguia falar de tão fraca, e eu tinha certeza que era dengue, pois, no dia anterior, estava pesquisando sobre todos os sintomas possíveis e li sobre a alteração de paladar: os alimentos salgados ficam doces e os alimentos doces ficam extremamente doces. E, logo depois, minha mãe me contou que a
Marianna reclamou da sopa, que estava doce. Foi quando tive certeza!!!
        
Na sexta feira, ela já tinha emagrecido quase quatro kilos, estava desidratada, super fraca, tínhamos que carregá-la no colo. Fomos, novamente, a outro hospital e procuramos por um médico indicado por uma enfermeira, que também achava que Marianna tinha dengue. Passamos na consulta com o pediatra e o susto foi quando ele falou: “Vou interná-la. Ela esta com meningite!!! Vamos colher o líquor!!!”
        
Internaram a Marianna e, novamente, perguntei sobre a dengue, mas este médico também descartou essa possibilidade, dizendo que ela tinha meningite e, por causa da hidrocefalia e da válvula, ela iria ficar no antibiótico, por precaução,  mesmo sendo uma meningite viral. Tínhamos recebido o primeiro resultado do exame da dengue, que deu negativo, mas como, pelo protocolo, ela ainda não tinha tido cinco dias de febre quando o primeiro foi colhido, colheu-se nova amostra. Na segunda feira, ela deveria ter alta, mas apareceram as petéquias nas pernas e acharam melhor segurarem a Marianna internada para avaliação.
        
Na terça feira, ela teve alta, já estava se alimentando, não tinha mais as dores e ficou muito bem. E, para a nossa surpresa, na quarta feira saiu o resultado do segundo exame de dengue: POSITIVO. Uma correria danada, veio a vigilância epidemiológica em casa, foram no sítio, no colégio, e novamente repetiram o exame para confirmar o POSITIVO. A vigilância concluiu que ela pegou dengue na praia mesmo, pois, em todos os outros locais,
não existia foco.
        
 Após este susto, ela foi se recuperando, ganhou peso novamente, voltou para escola. Já fez balé, natação, aula de violão e, hoje, faz aula de pintura em tela e de inglês. E irá começar a aula de robótica também. Marianna está com nove anos e dez meses e não existe nenhuma seqüela, nem em relação à síndrome, nem à hidrocefalia. Ela faz acompanhamento anual com o neurocirurgião e leva uma vida normal como qualquer criança da sua idade!!!

Sou tia da Marianna. Hoje ela está com nove anos e dez meses.

A Adriana Alonso, nossa amiga da comu de longa data, é tia dessa  linda princesa  Marianna

 
        

6 comentários:

Unknown disse...

Marianna uma garota que tem um olhar lindissimo, penetrante, quem a olha jamais vai disser que ela tem hidrocefalia, é linda, faz tantas atividades....Descobriu a hidro num tombo....Viu como o anjo da guarda da Marianna sempre está juntino dela? Deus na sua infinita bondade achou um jeitinho de avisar que a Marianna precisava de uma valvula e olha hoje como ela está, linda e sapeca....Marianna que Jesus continue sempre iluminando teu caminho.Beijos em seu coração.

Lucia Trillo disse...

Oi...sou a madrinha da Mama. Ela é uma criança linda e inteligente e acima de tudo muito carinhosa. Pensa rápido e tem cada resposta que deixa a gente de queixo caido. É uma pessoinha muito presente e os cuidados da Tia Dri e da Vó são demais. Parabéns pela sua família Mama.
Bjs da sua madrinha que te ama de montão.
;

Diana disse...

GGenteeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!! Q coisa mais linda q é a Mari... Meu Deus, q bonequinha!!!!!!!!!!! E concordo com a Teresinha... O anjo da guarda dela faz hora extra messssssmoooooooooo!!!!!!!!!!!!! Ainda bem... Parabéns pela linda história e pela linda Mari...

Anônimo disse...

História linda mesmo, mais linda ainda é esta pequena mariana! que DEUS sempre a abençõe!!
Abraçosss

Unknown disse...

Tenho um bebê com hidrocefalia apesar de muitas tristeza que enfrentamos junto hj nos alegramos. Pois era sensível que superou tudo com 8 cirurgia e e meu príncipe.

jonh disse...

ola,me chamo jonh e tenho umafilha com, hidrocefalia e estamos vivendo hoje o que vcs passaram no passado com sua princesinha,muita correria e muito desespero ja nao sabemos o que fazer pois sua febre nao baixa e perdeu 4kg....

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