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Luiz Eduardo, o Dudinho


Eu nasci pra ser mãe... eu sempre quis ter 2 filhos... era como um projeto de vida!
Aos 21 anos eu tive o Luiz Felipe, um menino lindo.
A experiência de ser mãe tocou muito no fundo do meu coração. 

A gestação foi uma das fases mais lindas da minha vida. Eu me sentia tão bonita, me olhava toda hora no espelho, vendo a minha barriga crescer... Quando ele nasceu então, nossa!!! Fiquei maravilhada com aquele bebezinho lindo. Já sai da maternidade pensando em ter outro!!!
Mas a vida é complicada, muitos afazeres... estava na faculdade, trabalhava longe de casa... Outro filho tinha que esperar! 
Mas o desejo de dar um irmão pro meu Lipinho era tamanho q eu vivia falando nisso. O nome estava escolhido anos antes de ele ser gerado! 
Seria Luiz Eduardo!!!

Eu nem sabia que tinha um significado tão forte!!! Guerreiro, guardião próspero!
Bom, quando o Felipe fez 4 anos, achei que estava ficando tarde pra ter outro filho e decidi que estava na hora de ter outro, mesmo não tendo terminado a faculdade ainda.

Queria tanto outro filho, que comecei a me preparar: consultei uma obstetra, parei de tingir os cabelos (eu era loira!!!)... Queria tudo perfeito!

Demorou tanto pro meu sonho se realizar!
 Demorei 6 meses para engravidar! Mas quando veio a resposta: POSITIVO!!!! Fiquei feliz da vida!!!
 Comecei a me cuidar, marquei o pré-natal...

Um dia, fazendo a ultrassom morfológia, aos 4 meses de gestação, reparei q na cabecinha do meu bebê tinha uma mancha escura... 
não falei nada, não entendia... mas no final do exame, o médico voltou na cabecinha do meu bebê e me disse que tinha que investigar aquela mancha. Que meu bebê tinha um ventrículo alterado, mas que não era pra me preocupar, pois aquilo poderia não ser nada, que poderia cessar espontaneamente. 
 No mesmo dia vi que era um menino e ele escreveu na ultrassom: LUIZ EDUARDO. Pediu pra eu voltar em 15 dias pra repetir o exame. Conversei com minha obstetra e ela disse pra não me preocupar. Mas aquilo não saia da minha cabeça...
 Passaram os 15 dias e voltei pra fazer o exame. Estava cheia de fé! Mas dessa vez, o laudo do exame dizia: PRESENÇA DE HIDROCEFALIA. Meu mundo caiu!!! 
 Fiquei assustada. Eu nem sabia o que era hidrocefalia. Fui pra casa tão arrasada, meio sem rumo. Quando cheguei, não sabia nem como contar pro meu marido... Só conseguia chorar.... Entreguei o exame na mão dele... choramos junto.
Liguei pra minha médica e conversei com ela, que pediu pra eu me acalmar e ir no consultório.
Comecei a pesquisar na net o que era hidrocefalia. O médico falou algumas coisas, mas eu não sabia nada direito. Na net encontrei cada coisa!!! Ficava apavorada!!! Eu chorava todo dia! Contei apenas para pessoas próximas. Não queria gente curiosa especulando nada sobre meu filho. 
Passei a fazer um acompanhamento mais rigoroso da minha gestação. Perguntava muito pra minha médica, pesquisava na net... me tornei uma pessoa triste. 
Tinha medo de perder meu filho, com quem eu tanto sonhei... Tinha medo dele nascer cheio de sequelas da hidro, que a cabeça ficasse enorme... 
Eu nunca tinha visto uma pessoa com hidrocefalia, mas até minha médica dizia q tem casos q a cabeça fica realmente enorme...
Um dia, ao 8 meses, resolvi olhar uma foto q tinha na net, e q eu sempre evitava... 
Eram 2 horas da manhã. Quando abri a foto, era uma criança de 18 meses, com a cabeça enorme, uma expressão de sofrimento no rostinho... Meu corpo inteiro gelou e esquentou ao mesmo tempo! Senti minhas mãos suarem e ficaram roxas nas extremidades... Meu coração disparado!!! Fui bem devagar pro quarto e sentei na cama. Falei pro meu marido que estava passando mal e contei da foto. Ele reclamou muito, falou q eu não devia ter aberto, que não entendi o porquê de eu ficar procurando essas coisas... Ele não entendia q eu tinha a maior necessidade de saber mais sobre a doença do meu filho... A imagem não saia da minha cabeça! Cada dia eu sofria mais.

Estava com 37 semanas e meia quando fui na consulta de pré natal e minha médica pediu uma ultra. Desci e fui fazer, pois ela queria pro mesmo dia. 

Quando subi com o exame, o médico já tinha ligado pra ela pedindo pra fazer o meu parto o quanto antes pq a cabecinha dele não parava de crescer. Ela marcou meu parto pro dia seguinte!
Fiquei nervosa, mas confiante de que seria o melhor a fazer.
Quando meu filho nasceu, fiquei louca pra vê-lo! Me controlei ao máximo pra não chorar, pois não queria perder a oportunidade de vê-lo bem! Não queria perder um detalhe daquele corpinho, daquele rostinho, dos cabelinhos... Ele ficou tão pouquinho comigo. Só deu tempo de dar 3 beijinhos no meu lindinho... Ele tinha que ir pra UTI pra receber os cuidados necessários. 

Depois de 3 dias, eu tive alta. Foi o maior drama da minha vida chegar em casa sem o meu Dudinho. Eu ia visitá-lo todos os dias e ficava algumas horas com ele. Mesmo operada e tendo q deixar meu Felipinho na casa de amigas, o meu maior desejo era estar com meu pequeno bebê.
Ele nasceu com 38 cm de PC. A cada dia a cabecinha dele aumentava e a neurocirurgiã, dra. Maria Anna Brandão decidiu por colocar a válvula e pediu uma válvula programável ao plano de saúde. Ele foi operado aos 19 dias de nascido. Foi um sofrimento muito grande pra mim. Foram 27 dias de UTI.
Quando ele teve alta, começou a luta pelo tratamento dele. Levamos pra fazer uma ultrassom transfontanela. O médico que fez o exame nos disse q meu filho tinha uma hidrocefalia imensa, que só andaria com muita fisioterapia, só falaria com muita fono... me aconselhou até a deixar de trabalhar, pois eu teria que ser uma mãe muito especial por pelo menos uns 10 anos da vida dele... Fiquei arrasada!!! 

Sai dali chorando muito, pensando o que seria do meu filho. Dias depois, a Dra. Maria Anna me acalmou e disse que não era bem assim, que só o tempo iria me dizer como o Dudinho ia ficar e q ele prescisava de muitos estímulos, mas que não precisava me desesperar. A partir dai, fomos vivendo todo o tipo de dificuldades que só nós mães de crianças especiais sabemos: muitas consultas a neuros, pediatras, fono, fisioterapia... 
O Eduardo precisou fazer uma troca de válvula depois do 1º aninho de vida (18/10/2008) porque estava entupida, depois, umas internações dramáticas, como a que o médico achou que ele estava com meningite, mas graças a Deus não era!!! 
Operou hidrocele também (28/03/2009) e fez uma terceiroventriculostomia em 18/05/2010.
Hoje, ele está bem: aprendeu a andar com 1 ano e 6 meses (depois de muito estímulo e fisioterapia) fala algumas coisas, tipo papai, mamãe, mas não se comunica, não pede, não conversa... 
Tem atraso psicomotor, é irritadiço, pirracento... mas é o amor da minha vida!!!!

Eu faço tudo o q posso pra ele ter o melhor desenvolvimento possivel. Já passamos por cada situação que se eu fosse falar aqui, não teria espaço. Mas eu aprendi muito com o Dudinho. Principalmente a amar... muito... nas mais dificeis situações!!! As vezes bate um desespero, um desânimo... Mas basta olhar pra ele e ver o quanto ele já superou... pq vou desistir???? Ele ainda tem muito o que superar... e eu, muito o que aprender!
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